Maurizio Reale: «Uma palavra de agradecimento aos agricultores»

Durante o período de confinamento, passei por vários estados de espírito. Inicialmente, preocupei-me muito com o impacto da pandemia no meu país e, algumas semanas depois, no resto da União Europeia. Em seguida, entrei numa fase de reflexão sobre a melhor forma de lidar com esta tragédia que jamais imaginei ter de viver.

Nesse período, perante o número de pessoas contaminadas pelo vírus e de mortes na sequência da infeção, perguntei-me por que razão não tínhamos uma política de saúde verdadeiramente comum. As incríveis dificuldades de coordenação ao nível da União Europeia, agravadas pela falta de solidariedade, vieram corroborar a minha convicção..

Nas próximas semanas, saberemos se os Estados-Membros são capazes de pôr de lado os egoísmos nacionais em prol do interesse comum, propondo as soluções que se impõem para responder às necessidades sociais e económicas objetivas dos cidadãos e das empresas da União Europeia. Precisamos de dar respostas concretas àqueles que perderam ou estão em risco de perder o emprego.

No entanto, esta situação extremamente difícil revelou também a importância estratégica de um sem número de profissões. Estou a pensar, por exemplo, nos médicos, nos enfermeiros, nos profissionais dos serviços de polícia e da proteção civil, nos agricultores e nos profissionais da cadeia agroalimentar, graças aos quais nunca nos faltou um bem essencial como a alimentação, ao contrário das máscaras, dos tampões e do equipamento de proteção individual para o pessoal que trabalha no meio hospitalar e no terreno.

Falando mais concretamente daquilo que senti durante o confinamento, diria que senti a falta da minha família, do trabalho – e das relações interpessoais que nele se constroem – e dos amigos. Mas também aproveitei para refletir e dar mais valor ao que conta verdadeiramente na vida e que tantas vezes negligenciei. Quando pudermos regressar a uma vida normal, pensarei em primeiro lugar naqueles que me são próximos, tanto familiares como amigos.

A pandemia não terá apenas repercussões económicas graves. Afetará também a qualidade de vida dos cidadãos, pelo que teremos de encontrar uma forma mais adequada e mais sustentável de viver a nova realidade. Devemo-lo a nós próprios, mas ainda mais a todos aqueles que, devido ao coronavírus, já não se encontram entre nós. Termino, pois, dedicando-lhes uma última homenagem.